Para auxiliar no processo de ensino-aprendizagem e tornar as aulas mais dinâmicas, professores adotam páginas virtuais em suas atividades pedagógicas. Confira a reportagem publicada no Jornal do Commercio em 18.03.2009.
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Os blogs deixaram de ser apenas diários virtuais há muito tempo, mas nos últimos anos eles ganharam novo papel. Aliando textos a outras formas de linguagem, passaram a servir como ferramenta no processo de ensino-aprendizagem da educação formal.
No Colégio Apoio, em Casa Amarela, no Recife, a tecnologia faz parte do cotidiano dos estudantes: todos os alunos têm acesso à internet, há debates para discutir o uso ético da rede mundial de computadores, são ministradas oficinas e aulas de robótica. E, em plena era da informação, o uso do blog em sala de aula não podia ficar de fora. No ano passado, estudantes da então 2ª série do ensino fundamental construíram, como parte do projeto O mangue mandou preservar, um blog sobre manguezais e sustentabilidade.
A atividade foi organizada pela professora de ciências, história, geografia e matemática, Jordélia Macedo, com o auxílio da coordenadora de tecnologia do Apoio, Vancleide Jordão. Alunos e pais eram estimulados a sugerir fotos e textos para postagem e os pequenos internautas tinham como tarefa de casa comentar o material incluído na rede. Luiza Mello, 8 anos, foi uma das que contribuiu para atualizar o blog. Em uma viagem ao litoral pernambucano, passou por uma área de mangue e parou para fotografar a paisagem.
“Era legal fazer a atividade porque eu podia até olhar de casa e minha família interagiu. Não atrapalhou nenhuma das minhas outras tarefas”, destacou a estudante. Nilo Fam, 9, também achou a tarefa divertida. “A gente podia trocar informações e fazer perguntas. No início, tive um pouco de dificuldade para mexer, mas depois consegui. E minha mãe gostou tanto que acabou criando um blog”, contou.
Para a coordenadora de tecnologia do colégio, o blog é uma ferramenta democrática e poderosa. “Ele é de fácil acesso e tem forte impacto na comunicação. Além disso, é estimulada a integração da escola com a família.”
Ao incrementar o uso de blogs nas atividades escolares, o Colégio Apoio mostra-se atento aos números que revelam o crescimento de acesso dos brasileiros às páginas virtuais. De acordo com dados do Ibope/Netratings, 11,6 milhões de pessoas acessaram blogs no Brasil em dezembro passado, contra 9,5 milhões no mesmo mês de 2007 – um crescimento de 22,1%. O maior índice foi registrado em novembro último, quando 12,4 milhões de pessoas acessaram blogs, número que representa 51% da base de internautas que usam a web em casa.
A pesquisadora Tânia Maria Hetkowski, do Departamento de Educação da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), estuda há 14 anos a relação das tecnologias digitais com os processos de conhecimento e aposta no potencial dos blogs para auxiliar o ensino-aprendizagem. “Através das comunidades virtuais, é possível conhecer outras culturas e perceber a dimensão do mundo. Essas mídias têm uso fácil e possibilitam novas interpretações e o uso de diversas formas de linguagem. E os estudantes são parte integrante desse processo”, destaca.
Para fazer bom uso da tecnologia e manter o controle sobre a prática estudantil, Tânia lembra que é importante o professor ter conhecimento tanto do tema a ser trabalhado quanto da ferramenta tecnológica. “O docente precisa ser mediador. Os alunos gostam de testar o professor”, adverte. A pesquisadora acredita que muitos professores ainda não estão preparados para lidar com a novidade e as escolas ainda não priorizam o uso de tecnologia nas práticas de ensino. “Falta também uma proposta pedagógica para a formação do docente, uma melhor utilização do dinheiro e adequada manutenção das máquinas.”
Na avaliação do pedagogo Arnaud Soares, doutor em educação, tecnologias da comunicação e da informação, o uso de tecnologias como os blogs traz condições materiais para que a comunicação se torne mais dinâmica e participativa, uma vez que permite a expressão de diversas visões de mundo. Mas ele lembra que, automaticamente, os blogs não fazem nada. “O potencial vai depender do uso e da intencionalidade política. Não é só levar o equipamento para a escola. Deve-se entender o princípio de funcionamento.”
Para o especialista, que é fundador do Grupo de Pesquisa Tecnologias Inteligentes e Educação, é preciso investir em estudos e pesquisas para entender a dimensão da nova tecnologia e incorporar essa base nos cursos de formação dos docentes. “É necessário entender como se dá a produção do conteúdo e verificar novas formas de avaliação. O desempenho cognitivo dos estudantes é diferente quando se usa o computador ao invés do livro tradicional”, explicou. No caso das crianças, Arnaud acredita que devem ser estabelecidas estratégias diferenciadas, voltadas ao mundo infantil.
No Colégio Madre de Deus, em Boa Viagem, um blog vinculado ao site da escola foi criado, no ano passado, como uma forma de aprofundar conteúdos ministrados em sala de aula. Para terem acesso ao espaço virtual, os estudantes precisam de login e senha. Se alguém escrever conteúdo considerado inadequado, o administrador pode deletar. “Alguns professores já tinham blogs pessoais, mas optamos por criar um da escola para aplicarmos nossas próprias regras e termos mais controle”, explicou a supervisora pedagógica do Madre de Deus, Socorro Oliveira. Na opinião dela, na internet, os alunos se sentem menos envergonhados para fazer perguntas.
Através do blog, os professores podem postar slides, experimentos, dicas de estudo, material de revisão, provas de vestibular e vídeos. Os alunos, por sua vez, podem fazer comentários acerca do material e tirar dúvidas. “Durante a aula, algum assunto pode ficar pendente. É interessante porque a dúvida de um pode ser a dúvida de muitos”, destaca o estudante do 2º ano do ensino médio Heider Tardelli, 15. Rebeca Pantoja, 16, acrescenta que o blog ajuda no processo de aprendizagem por ser uma fonte extra para acompanhar o conteúdo. Já Manuella Moraes, 16, acredita que a nova forma de comunicação ajuda a aproximar alunos e professores.
Para Raíssa Maria Silva, 16, a ferramenta contribui para suprir as necessidades escolares. “E nós já usávamos a internet antes”, destaca. O professor de história do Madre de Deus, Fábio Salvani, é um dos mais entusiasmados com o uso da tecnologia. “Os alunos gostam e a ferramenta já faz parte do dia a dia deles. A informática não é um monstro. Ela veio acrescentar, e não acabar com o trabalho do professor”, opina. (T.F.)
Os blogs deixaram de ser apenas diários virtuais há muito tempo, mas nos últimos anos eles ganharam novo papel. Aliando textos a outras formas de linguagem, passaram a servir como ferramenta no processo de ensino-aprendizagem da educação formal.
No Colégio Apoio, em Casa Amarela, no Recife, a tecnologia faz parte do cotidiano dos estudantes: todos os alunos têm acesso à internet, há debates para discutir o uso ético da rede mundial de computadores, são ministradas oficinas e aulas de robótica. E, em plena era da informação, o uso do blog em sala de aula não podia ficar de fora. No ano passado, estudantes da então 2ª série do ensino fundamental construíram, como parte do projeto O mangue mandou preservar, um blog sobre manguezais e sustentabilidade.
A atividade foi organizada pela professora de ciências, história, geografia e matemática, Jordélia Macedo, com o auxílio da coordenadora de tecnologia do Apoio, Vancleide Jordão. Alunos e pais eram estimulados a sugerir fotos e textos para postagem e os pequenos internautas tinham como tarefa de casa comentar o material incluído na rede. Luiza Mello, 8 anos, foi uma das que contribuiu para atualizar o blog. Em uma viagem ao litoral pernambucano, passou por uma área de mangue e parou para fotografar a paisagem.
“Era legal fazer a atividade porque eu podia até olhar de casa e minha família interagiu. Não atrapalhou nenhuma das minhas outras tarefas”, destacou a estudante. Nilo Fam, 9, também achou a tarefa divertida. “A gente podia trocar informações e fazer perguntas. No início, tive um pouco de dificuldade para mexer, mas depois consegui. E minha mãe gostou tanto que acabou criando um blog”, contou.
Para a coordenadora de tecnologia do colégio, o blog é uma ferramenta democrática e poderosa. “Ele é de fácil acesso e tem forte impacto na comunicação. Além disso, é estimulada a integração da escola com a família.”
Ao incrementar o uso de blogs nas atividades escolares, o Colégio Apoio mostra-se atento aos números que revelam o crescimento de acesso dos brasileiros às páginas virtuais. De acordo com dados do Ibope/Netratings, 11,6 milhões de pessoas acessaram blogs no Brasil em dezembro passado, contra 9,5 milhões no mesmo mês de 2007 – um crescimento de 22,1%. O maior índice foi registrado em novembro último, quando 12,4 milhões de pessoas acessaram blogs, número que representa 51% da base de internautas que usam a web em casa.
A pesquisadora Tânia Maria Hetkowski, do Departamento de Educação da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), estuda há 14 anos a relação das tecnologias digitais com os processos de conhecimento e aposta no potencial dos blogs para auxiliar o ensino-aprendizagem. “Através das comunidades virtuais, é possível conhecer outras culturas e perceber a dimensão do mundo. Essas mídias têm uso fácil e possibilitam novas interpretações e o uso de diversas formas de linguagem. E os estudantes são parte integrante desse processo”, destaca.
Para fazer bom uso da tecnologia e manter o controle sobre a prática estudantil, Tânia lembra que é importante o professor ter conhecimento tanto do tema a ser trabalhado quanto da ferramenta tecnológica. “O docente precisa ser mediador. Os alunos gostam de testar o professor”, adverte. A pesquisadora acredita que muitos professores ainda não estão preparados para lidar com a novidade e as escolas ainda não priorizam o uso de tecnologia nas práticas de ensino. “Falta também uma proposta pedagógica para a formação do docente, uma melhor utilização do dinheiro e adequada manutenção das máquinas.”
Na avaliação do pedagogo Arnaud Soares, doutor em educação, tecnologias da comunicação e da informação, o uso de tecnologias como os blogs traz condições materiais para que a comunicação se torne mais dinâmica e participativa, uma vez que permite a expressão de diversas visões de mundo. Mas ele lembra que, automaticamente, os blogs não fazem nada. “O potencial vai depender do uso e da intencionalidade política. Não é só levar o equipamento para a escola. Deve-se entender o princípio de funcionamento.”
Para o especialista, que é fundador do Grupo de Pesquisa Tecnologias Inteligentes e Educação, é preciso investir em estudos e pesquisas para entender a dimensão da nova tecnologia e incorporar essa base nos cursos de formação dos docentes. “É necessário entender como se dá a produção do conteúdo e verificar novas formas de avaliação. O desempenho cognitivo dos estudantes é diferente quando se usa o computador ao invés do livro tradicional”, explicou. No caso das crianças, Arnaud acredita que devem ser estabelecidas estratégias diferenciadas, voltadas ao mundo infantil.
No Colégio Madre de Deus, em Boa Viagem, um blog vinculado ao site da escola foi criado, no ano passado, como uma forma de aprofundar conteúdos ministrados em sala de aula. Para terem acesso ao espaço virtual, os estudantes precisam de login e senha. Se alguém escrever conteúdo considerado inadequado, o administrador pode deletar. “Alguns professores já tinham blogs pessoais, mas optamos por criar um da escola para aplicarmos nossas próprias regras e termos mais controle”, explicou a supervisora pedagógica do Madre de Deus, Socorro Oliveira. Na opinião dela, na internet, os alunos se sentem menos envergonhados para fazer perguntas.
Através do blog, os professores podem postar slides, experimentos, dicas de estudo, material de revisão, provas de vestibular e vídeos. Os alunos, por sua vez, podem fazer comentários acerca do material e tirar dúvidas. “Durante a aula, algum assunto pode ficar pendente. É interessante porque a dúvida de um pode ser a dúvida de muitos”, destaca o estudante do 2º ano do ensino médio Heider Tardelli, 15. Rebeca Pantoja, 16, acrescenta que o blog ajuda no processo de aprendizagem por ser uma fonte extra para acompanhar o conteúdo. Já Manuella Moraes, 16, acredita que a nova forma de comunicação ajuda a aproximar alunos e professores.
Para Raíssa Maria Silva, 16, a ferramenta contribui para suprir as necessidades escolares. “E nós já usávamos a internet antes”, destaca. O professor de história do Madre de Deus, Fábio Salvani, é um dos mais entusiasmados com o uso da tecnologia. “Os alunos gostam e a ferramenta já faz parte do dia a dia deles. A informática não é um monstro. Ela veio acrescentar, e não acabar com o trabalho do professor”, opina. (T.F.)
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Um comentário:
Hey blog muito bom! Homem .. Lindo .. Amazing .. Vou favorito seu blog e ter os feeds também ...
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